segunda-feira, 17 de novembro de 2008

CRISMA! “POR ESTE SINAL, RECEBEI O ESPIRÍTO SANTO!”

O sacramento da crisma ou confirmação é o sacramento que confirma-nos em nossa fé e, nos consagra apóstolos e missionários de Nosso Senhor Jesus Cristo. Nesta confirmação recebemos os dons do Espírito Santo de Deus, o Dom divino da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade.

Com este sacramento somos fortificados com o selo do Espírito Santo, não só em palavras, mas numa realidade inefável, verdadeira e sobrenatural. Assim diz o Catecismo da Igreja Católica: “este selo do Espírito Santo marca a pertença total a Cristo, a mobilização para seu serviço, para sempre, mas também a promessa da proteção divina na grande provação escatológica” (1296).

Portanto, os crismando ao receber os Dons do Espírito Santo confirmam seu Batismo, são animados, inspirados e auxiliados em toda sua vida de anunciadores de Jesus Cristo e de seu reino.

Por isso nós crismados, nos conscientizemos de que somos portadores do Espírito Santo e que sempre teremos inspirações do alto para colocarmos os dons a serviço de Deus e dos Irmãos, pois assim expressa o Catecismo da Igreja católica: “pelo sacramento da Confirmação [os fiéis] são vinculados mais perfeitamente à Igreja, enriquecidos de força especial do Espírito Santo” (1285). A Boa Nova de Jesus que é o Próprio Jesus nos convoca por esse sacramento a sermos propagadores do amor de Deus por todos os pecadores.



Paz e bem! Frei Gilton, OFMCap.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Teologia da Libertação: encontros e desencontros

A Teologia da libertação, como seu nome já nos propõe, nasceu como aspiração à libertação do pobre que é carente de justiça e de dignidade humana. Esta Teologia está fundamentada a partir de dois critérios: primeiro, diz que o pecado não é somente pessoal, mas é personificado em estruturas sociais opressivas reais, como o capitalismo; segundo, o mundo está basicamente dividido em duas forças irreconciliáveis os opressores e os oprimidos.

A Teologia da libertação teve maior efervescência na América Latina, pois ela nasceu aqui, em 1964, logo após o Vaticano II. Os teólogos mais influentes da TL foram: os católicos; Gustavo Gutiérrez, Ignácio Ellacuría, Leonardo Boff, os protestantes; José Míguez Bonino, Rubem Alves, Julio Santa Ana.

A TL nasceu como uma crítica a passividade cristã ante, a injustiça social que assolava a América Latina, como também, um protesto contra alguns lideres da Igreja que foram complacentes partidários dos regimes opressores. A libertação proposta por essa Teologia teve como pano de fundo, o marxismo. Os teólogos da TL tentaram fazer um casamento entre o cristianismo e o marxismo. O marxismo é visto, por estes teólogos, como mediador entre a fé cristã e a efetiva práxis em favor do pobre. Na aplicação desta concepção, o compromisso cristão de amor aos pobres como Jesus ensinou, tomou um novo jeito de ser. Era preciso tomar o lado do pobre oprimido contra o opressor e empreender uma luta revolucionária contra as estruturas capitalistas pecaminosas. Esta que é considerada como a maior fonte de toda miséria humana e que conserva o pobre na servidão.

Este novo modelo de fazer Teologia foi um bem para Igreja na América Latina. Isso ninguém pode negar, pois ela ajudou o povo sofredor a descobrir que era necessária uma atitude diante de tamanha exploração que os assolava e assola. Há muitos sinais de vida nas comunidades que foram movidos pela TL, se fossemos citar precisaríamos de muitas páginas. Através dela, surgiram vários profetas, mártires e santos. Contudo, a TL também gerou muitas dores de cabeça à Igreja Católica, e o principal motivo está na aliança feita com o marxismo. Foram muitos debates, críticas e acusações acerca desta aliança. Cito aqui, alguns pontos do que acentuaram contra a TL:

1 – Para muitos, os teólogos da libertação apresentavam mais contundente a ideologia marxista do que o próprio Evangelho para a libertação humana. Estes teólogos acreditavam que sem o acréscimo do marxismo, a luta cristã estava fadada ao fracasso. Nas comunidades de base passaram-se a distribuir publicações da ideologia marxista mais do que a o próprio Evangelho. Sobre este aspecto afirmou a Igreja no documento Instrução sobre alguns aspectos da ‘Teologia da Libertação’: “não é raro que sejam os aspectos ideológicos que predominem nos empréstimos que diversos ‘teólogos da libertação’ pedem aos autores marxistas” (1984, p.28)”.

2 – Esta Teologia deu muita ênfase à libertação pela política, muitas vezes reduzindo a religião, a política. Para estes teólogos da TL, a política é um modo de fazer um compromisso concreto, é um “ato de amor historicamente efetivo” e de desfazer o que chamam de “formas desencarnadas de espiritualidade”. Como forma de orientação para este aspecto, afirmou a Igreja: “A consciência verdadeira é, pois, a consciência ‘partidarista’. Pelo que se vê, é a própria concepção de verdade que aqui está em causa e que se encontra totalmente subvertida: não existe verdade – afirma-se – a não ser na e pela práxis partidarista” (1984, p.33). Ainda dentro deste contexto, afirmou João Paulo II, usando as palavras do Papa Paulo VI: “A Igreja perderia seu significado mais profundo. A sua mensagem de libertação não teria originalidade alguma e prestar-se-ia a ser monopolizada pelos sistemas ideológicos e pelos partidos políticos” (1979, p.67).


3 – A concepção da libertação marxista levaria os cristãos a luta armada, pois da luta de classes marxista nasceria a inversão da violência, agora dos pobres contra os opressores. “A lei fundamental da história, que é a lei da luta de classe, implica que a sociedade esteja fundada sobre a violência. À violência que constitui a relação de dominação dos ricos sobre os pobres deverá responder a contra violência revolucionária, mediante a qual esta relação será invertida” (1984, p.34).

4 – A libertação prevista pela TL visava mais o campo material, e esquecia o lado espiritual. “Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” diziam os opositores.

5 – A Teologia da libertação dividiu a Igreja da América Latina, em cristãos revolucionários e cristãos alienados. E conseqüentemente, a Igreja enquanto hierarquia passou a ser vista com maus olhos e como um modelo de alienação. Não foram poucas às vezes que pronunciaram “A Igreja romana é uma fonte de omissão”.

A Igreja lançou vários documentos com intenção de chamar atenção de determinados pontos da TL. Principalmente nos aspectos que tendiam para a sociologia ou ideologia marxista. Como também, chamou alguns de seus filhos, teólogos da libertação, a refazerem seus caminhos teológicos. Alguns mais radicais não a escutaram e se perderam no amor incondicional ao marxismo e ao materialismo. Por isso, constatam-se na história que o processo de conversão a TL levou vários cristãos a se tornarem ateus marxistas, e, foram poucos marxistas a se converter a Cristo com a pregação dos cristãos revolucionários marxistas.

Nos dias de hoje, existem vários debates em torno da TL. Um deles, evidência que ela hoje tem se tornado exclusivamente acadêmica a exemplo de sua companheira: a ideologia marxista. E que os teólogos desta área têm se ocupado simplesmente com noções abstratas ou com meras críticas ao jeito romanizado de ser da Igreja. Daí surge a pergunta: como decodificar a TL, hoje, na práxis tanto proclamada? Será que estar nos sindicatos, movimentos sociais que nos últimos anos, aqui no Brasil, tem servido de escada para políticos oportunistas serem eleitos? Como por exemplo, o Presidente Lula e muitos dos seus companheiros do PT, que fundamentaram sua luta política na base oprimida, e pouco fizeram por estes, a não ser, hostilizá-los por um período a espera do que não viria? O debate é oportuno, pois ainda vivem as velhas formas de opressões, só que agora com roupas novas, como por exemplo, antes só combatíamos a ditadura de direita, hoje também combatemos a ditadura de esquerda.

Paz e Bem! Frei Gilton. OFMCap.


Bibliografia:
SAGRADA CONGREGAÇÃO PARA DOUTRINA DA FÉ. Instruções sobre alguns aspectos da Teologia da Libertação. São Paulo: Paulinas, 1984.
PAULO II, João. Pronunciamentos do Papa na América Latina. São Paulo: Paulinas, 1979.
DIAS, João Paulo Freire. Dom Luciano e o Marxismo. Monografia apresentada na conclusão do curso licenciatura em filosofia no Seminário Maior Nossa Senhora da Conceição, Aracaju 2006.
SARANYANA, Josep Ignasi. Cem anos de Teologia na América Latina. Trad. Frei Celso Márcio Teixeira. São Paulo: Paulina e Paulus, 2005. (coleção quinta conferência).

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Não ter filhos, sinal de benção segundo a “teologia da Prosperidade”


Sabemos que em nosso país são grandes os problemas em que está envolvida a família cristã. Tudo isto por conta de mudanças culturais, de idéias liberais, da imoralidade, do relativismo, da falta de governantes que promovam políticas sociais que levem em conta a dignidade da pessoa humana, de jovens que contraem matrimônios prematuros, de separações entre pais e filhos, da falta de planejamento familiar antes e durante o matrimônio. São estes e outros problemas que afetam a família. Os cristãos, mais do que nunca, necessitam buscar no Evangelho respostas para promover uma educação, evangelização e libertação para esses problemas que afligem homens e mulheres de hoje.

Para os cristãos, os meios de ajuda a família desestabilizada tem que está sempre condizente ao Evangelho. Digo-vos isso, porque a edição de um jornal que pertencente a uma denominada igreja, que se diz cristã, o folha universal, de Nº 834 de março de 2008, estava fazendo apologia contra a um dos maiores bens da família, os filhos. Este tinha como matéria de capa, uma pesquisa que constata o aumento de casais que não tinham e nem queriam filhos. O motivo apresentado pelo mesmo é que os casais sem filhos teriam renda maior e seriam mais ricos. Como também, não teria problemas futuros, inclusive se fossem se separar.

Nesta ideologia contém vários erros teológicos, mas destacamos aqui um destes, a concepção nada bíblica, nem cristã, onde os filhos que antes eram uma benção do Senhor para a vida do casal, agora se tornam um atraso e um prejuízo. O jornal continha até uma estatística de quanto custava um filho e o que o casal poderia fazer com o dinheiro se não o tivesse. O mesmo jornal, ainda apresentava aos seus leitores um clube de casais que não tinha nem pretendia ter filhos, disponibilizando até o endereço eletrônico do clube, fora os depoimentos que os casais deram ao jornal. Para complemento da matéria, este apresentou um planejamento familiar para quem não queria ter filhos, que contemplava até um dos instrumentos de infidelidade matrimonial, preservativos tal como, a camisinha.

Diante destes fatos, me veio alguns questionamentos. Podemos chamar de cristã uma denominação que admite práticas egoístas, como a de um matrimônio que tem capacidade de gerar filhos, mas em nome de ajuntar tesouros materiais, não os têm? Qual o real interesse por trás de divulgação destas ideologias neoliberais? Será que é para falar o que querem ouvir aqueles que à sociedade secular está embriagando com o relativismo e assim ganhá-los para si? Qual será os valores e motivo de existir de uma denominação cristã, se não prega os valores do Evangelho de Cristo? Peçamos ao Espirito Santo que dê a graça a todos nós critãos, para não fugirmos do verdadeiro ideal da Palavra de Deus, e que não manipulemos esta mesma Palavra para outros fins.

Paz e Bem! Frei Gilton Oliveira, Graduando em Teologia ela Faculdade São Bento da Bahia.Faça seu comentário aqui em baixo ou no mural do lado Esquerdo.