quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Um sacerdote para 7.600 pessoas na América Latina

Na América Latina, um sacerdote deve atender uma média de 7.633 pessoas frente à média mundial que não supera as 3.000 por sacerdote –exatamente, 2.766 fiéis–, conforme indicou esta segunda-feira o diretor da revista Palavra, Alfonso Riobó, durante o ato de apresentação do especial da publicação sobre a Igreja na América, com motivo do bicentenário da independência, organizado pela revista Palavra junto ao Centro Acadêmico Romano Fundação.

Em qualquer caso, apesar deste inferior número de sacerdotes como habitantes, na América proliferam os seminários jovens, conforme afirmou o diácono da diocese de Huancavelica (no Peru), Yosep Guzmán, que assegurou que, embora em sua paróquia "fria e longínqua (quanto à temperatura e localização)" conformem-se com um sacerdote para cada 12.000, ou inclusive, às vezes, para cada 20.000 habitantes, o incremento das vocações se reflete nos novos seminários criados em diocese jovens.

Assim, explicou que se ainda não existirem suficientes seminários, é devido à "escassez de meios", sobre tudo dos materiais. "Escasseiam os meios sobre tudo materiais porque vontade não nos falta. É difícil porque se carece de bons centros de estudos", especificou.

Neste sentido, o presidente do Centro Acadêmico Romano Fundação, Alejandro Cantero, assinalou que é no terceiro mundo onde há mais vocações. "Não há vocações no primeiro mundo, mas muitas no terceiro mundo e há muitas pessoas generosas que decidem viver para Cristo no sacerdócio", indicou, ao tempo que remarcou que "necessita-se mais sacerdotes" pois, na sua opinião, seu trabalho evangelizador tem "um efeito multiplicador".

Por sua parte, o Bispo Auxiliar de Caracas (Venezuela), Dom Fernando José Castro, reconheceu a contribuição dos peritos ao especial da revista Palavra e se centrou nos "desafios" que enfrenta a Igreja na atualidade. Assim, assinalou que, em um mundo "indiferente, ateu, egoísta e materializado, no qual os filhos passam horas em Internet e em chats", o anúncio da Igreja deve dar-se na família, o colégio, a paróquia e as comunidades religiosas.

Em todo caso, Dom Castro sublinhou que o trabalho que resulta "imprescindível" é o do sacerdote. "Resulta insubstituível o sacerdote, uma paróquia sem ele é uma verdadeira tragédia, prescindir de seu trabalho iria contra a missão da Igreja", acrescentou.
Ter família numerosa é "mais cristão"

Nesta linha, o diretor da revista Palavra remarcou outro obstáculo no caminho evangelizador: as seitas que, conforme explicou, são perigosas sobre tudo para aqueles que foram batizados mas "não suficientemente evangelizados", com uma conseguinte "fácil, confusa e vacilante" fé [...]. (fonte: acidigital.com)

domingo, 12 de setembro de 2010

BENTO XVI: "BISPOS DE BAHIA E SERGIPE DEVEM BUSCAR CATÓLICOS AFASTADOS"

Ao receber o grupo de bispos brasileiros do Regional Nordeste 3 da CNBB em visita ad limina, o Papa Bento XVI pediu aos prelados que não poupem “esforços em busca dos católicos que se afastaram e daquelas pessoas que sabem pouco ou nada sobre a mensagem evangélica” para oferecer-lhes um encontro pessoal com Cristo. O esperado encontro em grupo dos 28 bispos teve início com o discurso de saudação dirigido ao Santo Padre pelo Bispo de Itabuna e Presidente do Regional, Dom Ceslau Stanula.

Ante os prelados do regional que inclui os estados da Bahia e Sergipe, o Papa recordou que "foi e continua sendo fundamental na constituição da identidade do povo brasileiro caracterizada pela convivência harmônica entre pessoas vindas de diferentes regiões e culturas. Mas embora os valores da fé católica tenham moldado os corações e as mentes dos brasileiros, hoje se observa uma crescente influencia de novos elementos na sociedade que há umas décadas atrás eram virtualmente desconhecidos”.

“Isto provoca um abandono consistente de muitos católicos da vida da igreja ou inclusive da Igreja, enquanto no panorama religioso do Brasil se assiste a uma rápida expansão das comunidades evangélicas e neo-pentecostais", indicou.

"Em certo sentido as razões que estão na raiz do êxito destes grupos são um sinal da difundida sede de Deus entre o vosso povo. É também um indício de uma evangelização, a nível pessoal, às vezes superficial; de fato, os batizados não suficientemente evangelizados são facilmente influenciáveis, pois possuem uma fé fragilizada e muitas vezes baseada num devocionismo ingênuo, embora, como disse, conservem uma religiosidade inata.”, assinalou o Pontífice.

“Neste contexto, é necessário, em primeiro lugar, que a Igreja Católica no Brasil se comprometa em uma nova evangelização, que não poupe esforços em busca dos católicos que se afastaram e daquelas pessoas que sabem pouco ou nada sobre a mensagem evangélica, levando-os a um encontro pessoal com Jesus Cristo vivo e ativo em sua Igreja”, assinalou.

“Com o crescimento de novos grupos que se dizem seguidores de Cristo, ainda que divididos em diversas comunidades e confissões, faz-se mais imperioso, da parte dos pastores católicos, o compromisso de estabelecer pontes de contato através de um sadio diálogo ecumênico na verdade”.
“Tal esforço é necessário, antes de qualquer coisa, porque a divisão entre os cristãos está em contraste com a vontade do Senhor de que «todos sejam um»“, explicou Bento XVI.

O Santo Padre sublinhou que "a falta de unidade é causa de escândalo que acaba por minar a credibilidade da mensagem cristã proclamada na sociedade. E hoje, sua proclamação, é possivelmente ainda mais necessária que há alguns anos atrás, já que existe uma influência cada vez mais negativa do relativismo intelectual e moral na vida das pessoas".

Referindo-se aos numerosos obstáculos na busca da unidade dos cristãos, o Papa recordou que "deverá ser rechaçada uma visão errônea do ecumenismo que leva a um certo indiferentismo doutrinal, que busca nivelar, em um irenismo acrítico, todas as 'opiniões' em uma espécie de relativismo eclesiológico. Ao mesmo tempo, existe o desafio da multiplicação incessante de novos grupos cristãos, alguns dos quais fazem uso de um proselitismo agressivo, o qual demonstra que o panorama do ecumenismo segue sendo muito diferente e confuso".

O Santo Padre alentou os bispos a seguirem esforçando-se no "diálogo com as igrejas e comunidades eclesiásticas que pertencem ao Conselho Nacional de Igrejas Cristãs, que com iniciativas como a Campanha da Fraternidade Ecumênica ajudam a promover os valores do Evangelho na sociedade brasileira".

"O diálogo entre os cristãos é um imperativo atualmente e uma opção irreversível da Igreja. Como recorda o Concílio Vaticano II, o coração de todos os esforços pela unidade deve ser a oração, a conversão e a santificação da vida", disse o Papa.

Finalmente, sublinhou que "corresponde aos pastores a obediência à vontade do Senhor, promovendo iniciativas concretas, livres de todo reducionismo conformista, mas realizadas com sinceridade e realismo, com paciência e perseverança, que brotam da fé na ação providencial do Espírito Santo". (FONTE:www.acidigital.com)