sexta-feira, 28 de setembro de 2007

4ª - A RELAÇÃO DE SÃO FRANCISCO COM O OUTRO.


Toda a vida do Pobrezinho de Assis foi uma profunda relação: consigo, com Deus e com o outro. Espelhando-se na Trindade Santa, relação por excelência, modelo perfeito de comunhão, de respeito, de diálogo, Francisco vai compreendendo que sua vida pode ser um reflexo da relação entre o Pai e o Filho e o Espírito Santo. Por isso, na sua nova maneira de viver, inspirada pelo Espírito do Senhor, Francisco escolhe a vida fraterna como possibilidade de realização de sua dimensão humana, de sua pessoalidade. A fraternidade é o lugar privilegiado da construção da semelhança de Deus. E o resultado logo foi percebido pelos confrades, pelo povo, pela Igreja: ele se tornou um Cristo redivivo.
Se perguntássemos ao Pai Seráfico, qual foi o segredo de sua felicidade aqui na terra, ele diria, certamente, sem medo de errar: foi o outro. O outro, para ele, não era um inominável, um anônimo, mais um na massa, afogado nas indiferenças que permeiam as relações atuais, mas o outro tinha rosto e nome: era um irmão. “Francisco mesmo diz: depois que o Senhor me deu irmãos...” Essa consciência de que o outro era irmão, mudou a vida dele. Daí nascem muitas conseqüências: temos um pai em comum, temos uma origem em comum, temos um destino comum, temos uma relação que transcende os laços sanguíneos... Somos irmanados no próprio Deus. Por isso, o apelo de Francisco para que todos os frades fossem irmãos menores... A relação de Francisco com o outro (irmão) se dava pela dimensão da minoridade, do serviço, do prazer em proporcionar o bem estar ao outro pelo outro mesmo.
O outro, ainda, era tudo que transparecesse o amor e a gratuidade de Deus Criador: os homens e mulheres e a natureza... Tudo era irmão! Até a morte era irmã... Francisco foi integração total! Tendo Deus como o seu absolutamente Outro, conseguiu compreender isso na dimensão do outro (irmão) e, por isso, equilibrou a totalidade do seu ser... Como todo ser humano é uma unidade psicossomática (corpo-alma-espírito), podemos afirmar, sem medo algum, que São Francisco conseguiu atingir essa perfeição humana. Portanto, se ele foi capaz, nós também podemos sê-lo. Afinal, nossa consagração batismal nos vocacionou para a santidade. Mas, Francisco mostrou o caminho: ter Deus como o seu máximo Outro; o irmão, também, como um outro concreto que preciso cuidar e amar, pois resplandece a imagem e semelhança do Outro-absoluto, e acolher-se como um fragmento desse Deus sumamente Bom e Digno de ser louvado, adorado e servido. Viva as relações inter-pessoais... Deus é comunhão, nós também somos!
Paz e Bem! Frei Mário Sérgio, Ofmcap.
Prece: Para que a exemplo de São Francisco reconhecamos o outro sempre como um dom de Deus para nós.
Rezemos: Senhor fazei-me instrumento de vossa paz... oração completa na lateral do blog, ou cante, basta da dois clik no video abaixo.
(Para fazer comentários ou pedir orações basta dá um clik em comentários depois, que o fizer, escolha outro ou anônimo e poste-o).

6 comentários:

Unknown disse...

Linda mensagem Frei Sérgio. Tenho aprendido muitas coisas com vcs franciscanos, dentre elas a admirar cada vez mais São Francisco e buscar dentro de mim a vontade de encontrar-me no outro. Obrigada por fazerem parte da minha vida. Paz e bem. Beijos Decolores!
Sheila Magaly

Anônimo disse...

como é bom poder falar de francismo como uma pessoas que soube valorizar o outro. Vivemos numa cultura, no qual o outro é descartável, mas podemos sim a exempro do Pai seráfico enfrentar este desafia. Parabens frei por este lindo texto que nos motiva cada vez mais a vivermos a fraternidade como irmaos menores.
Frei Roberto Fernandes OFMCap.

Anônimo disse...

E uma bencao encontrar na net pessoas dispostas a dinfundir o amor de Cristo atraves de Sao Francisco e este blog esta fantastico, parabens frei Gilton pela evangelizacao.

Rogerio Borges

Poetas divinos disse...

O texto configura a fotografia, que expressa e expressa-se. O frei Mário Sérgio delineia e toca num pretexto do alter (outro) e possibilita uma releitura do "próximo" - como já sinalizava Jesus o nazareno. São Francisco,menor, nas letras do referido frade, ganha um suprasumo de fidelidade às coisas primeiras, que nos traz, uma sucessiva interpretação da simplicidade de aproximação com a realidade.
Frei Erivan

Poetas divinos disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Unknown disse...

linda reflexão, fico muito feliz por conviver e compartilhar um pouco de sua experiência e claro poder degustar desta linda e profíncua reflexão. Parabéns e que Deus te abençoe e te ilumine para que continue colocando seus dons em consonância com a nossa vivência fraterna.